A simpática vila litoral de Ambriz fica situada no noroeste de Angola, a aproximadamente cento e cinquenta quilómetros de Luanda, sendo o percurso por terra totalmente em estrada asfaltada. Vila costeira e piscatória, tocada pelos membros inferiores do imenso mar que também banha o nosso país : o Oceano Atlântico.
À semelhança do que acontecia em todas as cidades e vilas do litoral daquele extenso território africano (Angola tem uma área superior em catorze vezes à de Portugal Continental) proliferavam os mosquitos e outros insectos incomodativos. Durante a noite, à volta das nossas camas, tornava-se imprescindível a utilização duma rede mosquiteira. Ao mínimo descuido lá entravam furtivamente um ou mais insectos picando-nos a pele e fazendo-nos perder a paciência. Afastados os teimosos insectos tornava-se, então, um imenso prazer adormecer e acordar com o som característico das ondas rebentando nos rochedos da costa, levando até ao interior da vila o odor salgado da maresia.
Abundava o marisco de quase toda a espécie. E eu interrogava-me : - Esta terra tão fértil, a qual permite mais do que uma colheita durante o ano e este mar tão rico em pescado (até em petróleo !) de que nos servem a nós, metropolitanos ? O marisco em Portugal é tão caro e inacessível à maioria dos portugueses ! As bananas e os ananazes, entre tanta outra fruta, apodrece aqui e lá em Lisboa – independentemente da classe média-alta – contam-se os trocos para oferecer uma bananinha a uma criança em desenvolvimento e o ananás, esse então, somente é adquirido, por alguns, quando recebem o Subsídio de Natal ? Nós, afinal estamos aqui realmente a defender aquilo que só a alguns ricalhaços pertence !...
Para além da Companhia de Artilharia onde me integrava, alí estavam aquartelados um Grupo de Carros de Combate pertencentes aos “Dragões”, os quais utilizavam umas viaturas blindadas designadas como “carro de combate Daimler”, as quais eram utilizadas no patrulhamento nocturno da vila e da zona que a delimitava, ou serviam de escolta às colunas militares e civis, servindo-lhes de protecção.
.À semelhança do que acontecia em todas as cidades e vilas do litoral daquele extenso território africano (Angola tem uma área superior em catorze vezes à de Portugal Continental) proliferavam os mosquitos e outros insectos incomodativos. Durante a noite, à volta das nossas camas, tornava-se imprescindível a utilização duma rede mosquiteira. Ao mínimo descuido lá entravam furtivamente um ou mais insectos picando-nos a pele e fazendo-nos perder a paciência. Afastados os teimosos insectos tornava-se, então, um imenso prazer adormecer e acordar com o som característico das ondas rebentando nos rochedos da costa, levando até ao interior da vila o odor salgado da maresia.
Abundava o marisco de quase toda a espécie. E eu interrogava-me : - Esta terra tão fértil, a qual permite mais do que uma colheita durante o ano e este mar tão rico em pescado (até em petróleo !) de que nos servem a nós, metropolitanos ? O marisco em Portugal é tão caro e inacessível à maioria dos portugueses ! As bananas e os ananazes, entre tanta outra fruta, apodrece aqui e lá em Lisboa – independentemente da classe média-alta – contam-se os trocos para oferecer uma bananinha a uma criança em desenvolvimento e o ananás, esse então, somente é adquirido, por alguns, quando recebem o Subsídio de Natal ? Nós, afinal estamos aqui realmente a defender aquilo que só a alguns ricalhaços pertence !...
Para além da Companhia de Artilharia onde me integrava, alí estavam aquartelados um Grupo de Carros de Combate pertencentes aos “Dragões”, os quais utilizavam umas viaturas blindadas designadas como “carro de combate Daimler”, as quais eram utilizadas no patrulhamento nocturno da vila e da zona que a delimitava, ou serviam de escolta às colunas militares e civis, servindo-lhes de protecção.
.
Entretanto, o Regimento de Comandos decidiu instalar no Ambriz a sua Unidade, aproveitando as características geográficas daquela zona. Ali passaram aquelas tropas de elite a fazerem a sua especialização, com vista à obtenção das boinas vermelhas.
Eram ainda visíveis os restos duma sanzala, outrora construída à beira da vila, destruída totalmente às ordens dum capitão desiquilibrado psicologicamente, ou que se terá feito passar por tal. À semelhança do que já soubera haver acontecido noutras localidades. Nunca ninguém contabilizou o número das pessoas (negras) barbaramente chacinadas.
Em Quicua, por exemplo, conhecia-se um caso semelhante, mas aí, o número de vítimas era aproximadamente conhecido. A sanzala foi também completamente incendiada e os homens, mulheres e crianças foram soterrados numa vala comum. De seguida, as máquinas duma Companhia de Engenharia taparam, compactaram e terraplanaram um terreno com as dimensões dum pequeno campo de futebol. Colocadas as duas balizas improvisadas sabiamos estar a jogar sobre um campo de terra batida onde se encontravam (mal) sepultados cerca de quatrocentos corpos humanos.
O destino dos responsáveis por estas atrocidades mais ou menos conscientes (também conhecidas noutras colónias), era invariavelmente o mesmo : evacuados para o Hospital Militar em Luanda, entregues aos cuidados da Psiquiatria e dias mais tarde encaminhados para o Hospital Militar em Lisboa.
.
Eram ainda visíveis os restos duma sanzala, outrora construída à beira da vila, destruída totalmente às ordens dum capitão desiquilibrado psicologicamente, ou que se terá feito passar por tal. À semelhança do que já soubera haver acontecido noutras localidades. Nunca ninguém contabilizou o número das pessoas (negras) barbaramente chacinadas.
Em Quicua, por exemplo, conhecia-se um caso semelhante, mas aí, o número de vítimas era aproximadamente conhecido. A sanzala foi também completamente incendiada e os homens, mulheres e crianças foram soterrados numa vala comum. De seguida, as máquinas duma Companhia de Engenharia taparam, compactaram e terraplanaram um terreno com as dimensões dum pequeno campo de futebol. Colocadas as duas balizas improvisadas sabiamos estar a jogar sobre um campo de terra batida onde se encontravam (mal) sepultados cerca de quatrocentos corpos humanos.
O destino dos responsáveis por estas atrocidades mais ou menos conscientes (também conhecidas noutras colónias), era invariavelmente o mesmo : evacuados para o Hospital Militar em Luanda, entregues aos cuidados da Psiquiatria e dias mais tarde encaminhados para o Hospital Militar em Lisboa.
Sem comentários:
Enviar um comentário