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Não deixe de ler o Conto: "O Turra Mussolé", publicado no dia 7 de Setembro de 2008, o qual, ao cabo de 34 anos da chamada "Revolução dos Cravos" sofreu CENSURA por parte do Ministério da Defesa Nacional, levando-me a deixar de escrever no Jornal da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas de Stresse de Guerra.


"MENINA DOS OLHOS TRISTES" CANTADO POR ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

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terça-feira, 24 de novembro de 2009

ANGOLA É NOSSA!!!



Encontrava-me a frequentar o Ciclo na Escola Preparatória Nuno Gonçalves, situada na Avenida General Roçadas, em Lisboa. Tinha como disciplinas obrigatórias, entre outras, a Religião e Moral, a Mocidade Portuguesa:

.

“Lá vamos cantando e rindo

Levados levados sim...”

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e Canto Coral. O professor desta última era um músico conceituado, homem na faixa etária dos sessenta, o qual arrastava uma perna, ostentando e apoiando-se na sua imagem de marca : uma velha e lustrosa bengala com o punho em prata. Simpático, divertido, sentava-se ao órgão e dali dirigia com muito entusiasmo as suas aulas. Iniciava-as e encerrava-as obrigando-nos a cantar um hino que se havia tornado famoso, e que serviu, durante alguns anos, como genérico a um programa de rádio, no qual o correspondente de guerra da Emissora Nacional em Luanda, diariamente, nos dava notícias das actividades bélicas no território angolano. Terminava aquele jornalista invariavelmente as suas crónicas de guerra : - De Luanda falou Ferreira da Costa !

Se a memória não me atraiçoa, o hino começava com o título e uma quadra que reflectiam a estúpida e mórbida teimosia do ditador Salazar :

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Angola...é nossa !... Angola...é nossa !...

Angola é nossa gritarei

È carne é sangue da nossa grei

Sem hesitar p’ ra defender

É pelejar até vencer...

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Aquele “s' tôr” de Canto Coral tinha as suas razões para nos obrigar a cantar, exigindo que o fizessemos de pé, na posição militarista de sentido e com uma expressão inequívoca de vigor patriótico, o hino bélico no início e no fim das suas aulas. Era consequência do enorme orgulho e vaidade de haver sido ele o autor da música que tornou célebre durante muitos anos aquele aberrante hino fascista. Chamava-se : Euclides Ribeiro.

3 comentários:

Fernando Barbosa Ribeiro disse...

Boa noite. Mera curiosidade (por eu ser o neto de Euclides Ribeiro, falecido em 1977 com 65 anos, que apesar de não o aparentar sempre foi contra a Ditadura que se viveu e, sim, era extremamente patriota ("defeito" que herdei dele); o seu único orgulho era o seu trabalho, tendo literalmente passado fome para conseguir vir a ser músico): estamos a falar, aproximadamente que seja, de que época?
Grato pela atenção, saudações Abrilistas!
Fernando Barbosa Ribeiro

Unknown disse...

Srº Fernando Barbosa Ribeiro, fui aluno do saudoso professor Euclides Ribeiro, também eu frequentei a Nuno Gonçalves, no ciclo preparatório e posso atestar, que, álem de patriota, ele no seu intímo era anti-fascista. Foi um grande professor de musíca, estimado pelos seus alunos, pois que por ser democrata, partilhava connosco, da sua arte, e por que não? da sua glória como professor aplaudido. Verdade que por ser homem, fruto da época salazarista,compôs a musica do hino Angola é Nossa, mas pergunto eu, isso torna-o fascista, ou simpatizante salazarista? Tambem a alguns alunos que frequentavam a Nuno Gonçalves, nessa altura, e desse grupo tive a honra de fazer parte, ele ensaiou para juntamente com o saudoso João Vilaret gravar em disco a famosa canção do Santo Antoninho, que foi um marco no protesto contra a situação. Defendo assim a memória dele e com verdade o faço, Alberto Sousa

Guilherme de Almeida disse...

Bo noite
Fui aluno da Nuno Gonçalves em 1961/62 e 1962/63 e também tive da cantar,contrariado o hino "Angola é nossa". Mas não critico o professor por isso. Provavelmente aquilo fazia parte do orograma de Canto Coral,que Euclides Ribeiro era tambem obrigado a seguir e cumprir.

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Já lá vai o tempo do "Currículo"... Espiritualista (estudioso, mas não fanático). Voluntariado