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Não deixe de ler o Conto: "O Turra Mussolé", publicado no dia 7 de Setembro de 2008, o qual, ao cabo de 34 anos da chamada "Revolução dos Cravos" sofreu CENSURA por parte do Ministério da Defesa Nacional, levando-me a deixar de escrever no Jornal da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas de Stresse de Guerra.


"MENINA DOS OLHOS TRISTES" CANTADO POR ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O "AMIGO" SUL-AFRICANO


Naquela tarde calma, monótona, silenciosamente preocupante, uns dormiam a sesta “viajando” em sonhos projectados a dez mil quilómetros de distância; outros liam jornais e revistas actualizando-se com informações que já faziam parte do passado e os restantes entretinham-se a passar o tempo, esperando pacientemente que os dias e as noites se sucedessem até ao riscar com uma cruz, naquele calendário tão comprido, o almejado último dia de comissão... De meia em meia hora o radio-telegrafista de serviço aumentava o som ao volume do rádio Racal para estabelecer a rotineira comunicação com o Batalhão e em todo o aquartelamento se conseguia distinguir o teor da breve conversa. Por vezes havia uma mensagem para receber ou para ser enviada. Então, o botão do potenciómetro era rodado por forma a aumentar ainda mais o volume e os outros selectores de ruído andavam dum lado para o outro até tornarem a comunicação mais límpida e perceptível tanto quanto possível. Depois seguia-se a mesma ladaínha : “Bravo Tango Alfa Oscar Foxtrot, Mike Delta Zulu India Golf...”
Inesperadamente, começou a ouvir-se ao longe o ruído grave e característico dum avião, que se reconheceu de imediato como sendo um bombardeiro, ruído que se foi progressivamente acentuando à medida que o ponto escuro no azul do céu ia adquirindo a forma dum pássaro gigantesco, até atingir o início da pista construída em terra batida. Aquela gigantesca ave metálica já era visivelmente reconhecível planando ruidosa com as suas asas estendidas e hirtas. Já sobre a pista, com uma impressionante e irrepeensível destreza, o seu piloto acrobata desconhecido “picou” naquela pequena extensão rectangular amarelada, baixou o trem de aterragem e acariciou com as rodas, levantando alguma poeira, a pista improvisada pela Engenharia, Quase de imediato, o trem de aterragem foi recolhido e, abruptamente, levantou o seu bico gordo ascendendo até à altitude inicial, prosseguindo viagem na direcção da África do Sul. Era efectivamente uma aeronave sul-africana. O gesto do seu piloto já se havia tornado num hábito arriscado de demonstração de respeito e afecto pelas tropas portuguesas. Era uma maneira singular de nos cumprimentar. Nós, na berma da pista, acenávamos com o que tínhamos à mão, retribuindo a saudação.
Os pilotos sul-africanos manifestavam sempre uma grande admiração pelos portugueses e não se cansavam de repetir que nós, os descendentes dos destemidos descobridores das caravelas “cascas de noz”, continuávamos a cometer a proeza de efectuarmos, por exemplo, voos nocturnos arriscados e de combatermos inusitadamente com máquinas presas por arames...
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Já lá vai o tempo do "Currículo"... Espiritualista (estudioso, mas não fanático). Voluntariado