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Não deixe de ler o Conto: "O Turra Mussolé", publicado no dia 7 de Setembro de 2008, o qual, ao cabo de 34 anos da chamada "Revolução dos Cravos" sofreu CENSURA por parte do Ministério da Defesa Nacional, levando-me a deixar de escrever no Jornal da APOIAR - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas de Stresse de Guerra.


"MENINA DOS OLHOS TRISTES" CANTADO POR ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A CÓLERA


Vibrio cholerae ou vibrião colérico, bactéria vista ao microscópio, agente causador da cólera
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Febre, vómitos e diarreia eram os principais e mais visíveis sintomas da terrível epidemia. Por todos os meios disponíveis e por toda a parte se faziam apelos à manutenção redobrada dos cuidados higiénicos, assim como à repetida lavagem dos alimentos crus e também quanto à fervura da água, quer se destinasse a ser bebida, quer para a confecção das refeições.
Por ser considerada uma doença contagiosa todas as pessoas que apresentassem os sintomas eram evacuadas o mais rápido quanto possível para unidades hospitalares.
Evacuações, a maior parte delas, efectuadas nos helicópteros da Força Aérea.
O surto epidémico passou a preocupar-nos mais do que a guerra. Em consequência da tenebrosa doença o intenso e também febril movimento das mensagens recebidas e expedidas, as quais se atropelavam umas às outras, foram quebrando as regras da prioridade. As mensagens classificadas como “Rotina” desapareceram. As “Urgentes” passaram a “Imediato”, tomando estas últimas a classificação de “Relâmpago”. Agora todas eram “Relâmpago”, classificação geralmente só utilizada em casos extremos.
Certa noite, por volta das três horas, acordei com todos os sintomas da Cólera. Os meus maxilares embatiam incontrolavelmente um contra o outro ; um calor abrasador em todo o corpo, associado ao suor que já havia alagado a roupa interior e os lençóis. Saltei do beliche, provocando a queda o despertar do meu camarada do “rés-do-chão”. Entretanto, todos os outros camaradas despertaram em virtude daquele barulho invulgar. Acenderam o candeeiro a petróleo, pois o gerador era desligado à meia-noite.
Pedi ao meu amigo Bárbara que me colocasse a mão na testa, verificando assim, pela apalpação, se eu estava assim tão quente quanto me parecia estar.
- Estás gelado, pá ! Estás mesmo fresquinho ! – gracejou, tentando animar-me.
Ele sabia que eu era um indivíduo nervoso e muito sensível e, em virtude do nosso cansaço, conjecturou imediatamente que o meu estado seria de origem psicológica.
Abriram uma lata de leite condensado, aqueceram-na, misturaram-lhe Ovomaltine e algum açucar e colocaram-me a caneca de loiça entre as duas mãos para que as aquecesse. Ligaram o rádio transistorizado. Enfim, aqueles rapazes cansados e acordados em sobressalto a meio da noite só voltaram a repousar depois de me verem mais calmo e também eu lá me deitei e adormeci tranquilo pensando no que os efeitos exteriores podem causar ao nível da mente...
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Já lá vai o tempo do "Currículo"... Espiritualista (estudioso, mas não fanático). Voluntariado